A escassez da água, segundo um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), é um dos principais problemas existentes e se nada for feito a respeito, pode atingir até ⅔ da população mundial em 2050. Essa diversidade pode limitar o crescimento econômico de diversos países, uma vez que três em cada quatro dependem da água. O Caribe e a América Latina, por exemplo, estão entre as regiões mais vulneráveis, já que grande parte de suas economias estão relacionadas com a exploração de recursos naturais.
No entanto, medidas simples adotadas, por exemplo por condomínios, podem ajudar a mudar esse cenário. Uma delas é a utilização da água da chuva para certas atividades cotidianas, como: lavar os carros em áreas comuns, descarga em banheiros, regar plantas e jardins, entre outros, que além de contribuir com o meio ambiente, também colaboram para a redução das contas. O sistema de captação da chuva pode reduzir em até 40% a conta de água.
No condomínio Midtown Nova Ipanema, na Barra da Tijuca, o síndico Arnon Velmovitsky afirma que a redução das despesas foi imediata. O projeto foi implantado em 2014 e inclusive foi finalista do prêmio do Sindicato de Habilitação do Rio de Janeiro na categoria Condomínio Sustentável de 2017.
“Sempre procuramos por inovações para buscar economia e sustentabilidade. Descobrimos que a precipitação de chuva era bem grande na região onde fica o condomínio e que implantar este sistema era muito barato. Além disso, o condomínio ocupa uma área grande, o que possibilita captar um volume maior de água. Apenas com este sistema, a conta de água caiu entre 30% e 40%”, afirma o síndico do condomínio (são 147 unidades, entre lojas e salas comerciais).
Como funciona o sistema
A água da chuva que cai nos telhados dos edifícios é coletada por calhas que a transportam até um reservatório. De lá, a água passa por um processo de filtragem no caminho até chegar à caixa d’água. De lá, a água é distribuída para o uso em diversas atividades.
“A água captada passa por um filtro de linha, para eliminação de impurezas como folha de árvores e outras. Esta água é armazenada em tanques ou cisternas, então, é succionada através de bomba centrífuga recebendo automaticamente solução de hipoclorito de sódio para desinfecção (eliminação de bactérias, fungos e outras contaminações microbiológicas). Passa por um filtro de profundidade para a retirada de partículas em suspensão e é armazenada em tanques ou cisternas estando pronta para reuso. Este tratamento mais refinado tem como cuidado para utilização em vasos sanitários, lavar pisos e regar plantas. Já que pode haver contato com a pessoa que vai manuseá-la”, conta engenheiro químico Luís Carlos Serafim, da Lomek, empresa que faz os estudos e implementação de sistemas de captação de água pluviais.
Além de auxiliar na redução do consumo de água potável para, por exemplo, lavar calçadas, regar plantas, etc, a coleta da água da chuva contribui para evitar alagamentos na cidade.
“A primeira motivação para incentivar a prática no Brasil foi evitar enchentes. Se você coletar a água que cai sobre os prédios, evita-se que a água chegue rapidamente à rua, diminuindo os pontos de alagamento. Além disso, quanto mais se fala sobre o tema, o envolvimento das pessoas com o assunto cresce, o que favorece o amadurecimento de uma consciência de educação ambiental. Também há o fato de que, ao utilizar uma água que antes era descartada, você disponibiliza mais água potável para quem tem pouco ou nenhum acesso à água. É mais uma forma de universalizar o acesso à água”, explica Gandhi Giordano, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e chefe do Departamento de de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Faculdade de Engenharia da UERJ.
Os custos do projeto
Os custos para implementar um projeto de uso de água da chuva varia bastante de acordo com cada caso. Para se obter um sistema eficiente, diversos fatores devem ser levados em consideração, como por exemplo: o índice pluviométrico da região, a área do condomínio, quanto tempo o condomínio tem de construção.
“A principal desvantagem está na operação do sistema. Tem que limpar as peneiras e substituir as pastilhas de cloro. Além disso, se o prédio não for novo, tem que se fazer uma obra para separar a alimentação da água pluvial da coluna da água sanitária. No entanto, dependendo do tamanho do edifício, o retorno acontece em poucos meses”, afirma Giordano.
Como evitar problemas
Além de realizar manutenções periódicas, os síndicos devem estar atentos para outros aspectos do sistema, por exemplo, a tubulação extra deve estar bem sinalizada para que não haja engano na hora de manipular o líquido.
“Algumas coisas têm que ser feitas com cuidado. Quando se tem água disponível, deve-se tomar muito cuidado porque é uma torneira e alguém pode inadvertidamente usar aquela água para uso indevido. Então, o acesso ao sistema deve ser muito bem controlado por quem por faz sua administração”, explica Alexandre Salles, engenheiro civil responsável pela obra no Midtown Nova Ipanema.
Outro aspecto importante é o planejamento e instalação de canos e reservatórios, pois eles precisam de espaço físico para serem instalados. Com isso, perde-se uma parte da área da construção (geralmente na garagem).
“Em geral, perde-se uma área do condomínio. No Midtown Nova Ipanema, isso não aconteceu porque escolhemos uma área na garagem onde seria impossível estacionar um carro. Pode parecer feio esteticamente em alguns casos, afinal, estamos falando de um reservatório. Mas isso é fácil de resolver com uma solução de arquitetura. Essas pequenas desvantagens não devem desestimular ninguém que esteja pensando em uma solução como essa para seu condomínio. É pouco em comparação aos benefícios que se tem a partir da instalação do sistema”, comenta Salles.
A economia
A economia também pode ser observado nos pequenos detalhes. Pode-se fazer uma campanha no condomínio chamando atenção para evitar o desperdício. Deve-se também ser feita uma manutenção em todas as áreas, inclusive nas privativas, para que haja uma diminuição das despesas.
“É preciso fazer um trabalho de conscientização. Temos placas e faixas que alertam sobre como economizar água. Mandamos circulares para os condôminos e também fazemos manutenção preventiva das partes internas das unidades por conta do condomínio. Um exemplo, trocamos as carrapetas que custam menos de R$ 1 cada uma. Se tiver um vazamento em alguma delas, significa R$ 50 a mais na conta no fim do mês. Esta vigilância permanente faz toda a diferença e evita um gasto desnecessário. Afinal, esta água não vai para lugar nenhum se for desperdiçada. Gasta-se sem ter nenhum retorno” conta Velmovitsky.
Áreas com pouca chuva
Quando falamos em regiões com pouca chuva, coletar e utilizar a água da chuva é ainda mais importante, pois dá mais segurança em momentos de escassez.
“Nós, enquanto consumidores, estamos na ponta de uma imensa cadeia. A água que consumimos é transportada de bem longe daqui. Não nasce na nossa região. À primeira vista, já estamos economizando energia elétrica porque mesmo as termelétricas precisam de água para gerar energia. Com isso deixamos de fazer pressão sobre os mananciais. É como se, na prática, a população diminuísse. Além disso, no caso de qualquer paralisação de fornecimento, você tem a sua própria reserva emergencial”, conta Giordano.
É possível economizar na conta de água mesmo em regiões com baixos índices pluviométricos, além de desenvolver uma atitude mais sustentável com o planeta. Há sistemas que usam a chamada “água cinza” – resíduos provenientes de processos domésticos como lavar roupas, louças ou tomar banho. Esse tipo de detrito corresponde a até 80% do esgoto residencial.
“O pulo do gato para novas construções em áreas com pouca chuva é utilizar a água cinza. Elas podem ser recuperadas e têm todos os dias em qualquer prédio. Nesses casos, a economia pode chegar a 50% na conta de água. Essa água pode voltar para a caixa de descarga dos banheiros, pode ser usada para lavar carros e pisos, além de regar plantas”, fala Serafim.
VM Business
O VM Business, novo empreendimento da JHF Incorporadora, é um empreendimento pensado na sustentabilidade. A coleta de lixo, reuso da água da chuva e de ar-condicionado, projeto de paisagismo ecológico com plantas nativas, iluminação das áreas comuns em LED, energia solar e muitos outros aspectos sustentáveis, fazem parte desse imóvel, que tem data de entrega para 1º de maio de 2018. Para saber mais, visite: http://vmbusiness2100.com.br